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O FarmaLibras surgiu em maio de 2016, quando a equipe do Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) da Univasf estava em atividades de promoção do uso racional de medicamentos à população de Petrolina, Pernambuco. Na ocasião, um grupo de surdos chegou para ser atendido e ninguém da equipe sabia Libras, nem havia tradutor e intérprete de Libras. Diante disso, em 2017, com o ingresso de um aluno fluente em Libras para o curso de Farmácia, Ricardo Simões, o CIM/Univasf iniciou trabalhos efetivos voltados à promoção do uso racional de medicamentos às pessoas surdas, usuárias de Libras. Tudo foi possível com o apoio direto da equipe do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) da Univasf, os tradutores-intérpretes Davi Lima e Getro dos Reis e da, então, professora surda da Univasf, Helayne Moura. Em junho de 2018, o professor Tarcísio José Palhano, assessor da Presidência do Conselho Federal de Farmácia (CFF), conheceu o trabalho desenvolvido pelo CIM/Univasf e, com o apoio do conselheiro federal pelo estado de Pernambuco, Bráulio César de Sousa, sugeriu que o presidente do CFF, Dr. Walter da Silva Jorge João, convidasse a coordenadora do projeto, professora Dra. Deuzilane Muniz Nunes, para apresentar a experiência do CIM/Univasf na reunião plenária do mês de setembro, na sede do CFF, em Brasília/DF. Na oportunidade, o Dr. Walter Jorge, sensibilizado com o que acabara de assistir, determinou ao professor Tarcísio a constituição de um grupo de trabalho provisório, para tratar da elaboração de uma minuta de resolução que regulamentasse a atuação do farmacêutico nessa área.


O grupo, coordenado pelo professor Tarcísio, foi composto pelos integrantes da Comissão de Legislação (Coleg)/CFF, pela professora Deuzilane, pelas farmacêuticas Abia Cristina Felippe, de São Paulo/SP, e Mayara Siqueira, de Maracaju/MS, e também pela psicóloga Karla Danielle Luz, professora da Univasf.


Entre os dias 16 e 17 de outubro de 2018, o grupo elaborou uma proposta de resolução, a qual foi apresentada e aprovada por unanimidade na reunião plenária seguinte, ocorrida em 25 de outubro de 2018.


Dessa forma, surge a Resolução/CFF N° 662/2018, a primeira normativa criada entre as 14 profissões da área da saúde no país, que estabelece as diretrizes para o cuidado farmacêutico à pessoa com deficiência.


A resolução foi publicada no Diário Oficial da União, em 19 de novembro do mesmo ano, e lançada pelo professor Tarcísio Palhano durante o I Congresso Brasileiro de Saúde em Libras, realizado de 22 a 24 de novembro de 2018, em Juazeiro/BA. Neste congresso, a professora Deuzilane e o professor Tarcísio conheceram dois pesquisadores que apresentavam trabalhos no contexto da área farmacêutica e da Libras, Núbia Mendes, do Instituto Federal de Brasília (DF), e Edivaldo Costa, da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Foi, na ocasião, firmada parceria com estes pesquisadores, para que o projeto FarmaLibras começasse a ser discutido e efetivamente estruturado. Ao longo dos anos 2019 e 2020, essa parceria foi sendo consolidada e mais colaboradores foram sendo incluídos na equipe.


Em março de 2019, a professora Deuzilane retornou a Brasília, juntamente com a professora e tradutora-intérprete de Libras, Núbia Mendes, para participar da Reunião Geral do Sistema CFF-CRFs, apresentando o Projeto FarmaLibras, que, à época, consistia apenas do desenvolvimento do Vocabulário Terminográfico Farmacêutico Bilíngue (Português-Libras). Foi pactuado, na ocasião, que o FarmaLibras seria executado em nível nacional, com dupla coordenação, sendo a professora Deuzilane Nunes pela Univasf e o professor Tarcísio Palhano pelo CFF. A elaboração desse vocabulário havia sido iniciada em Petrolina, no âmbito local, e passou a ser um projeto mais amplo, em esfera nacional. Em 2020, o projeto se transformou em um programa, quando o FarmaLibras incorporou o projeto desse Aplicativo Web e do Curso de Libras para Farmacêuticos, ofertado pela Plataforma Edu.farma do CFF desde agosto de 2022.


O Programa FarmaLibras foi se consolidando, ao tempo em que novos colaboradores, professores, profissionais e estudantes das diversas regiões do Brasil iam sendo incorporados aos grupos de trabalho que eram criados. Não há como citar os nomes de todos os colaboradores, mas será apresentada uma representação de cada Região. O professor Tarcísio, do CFF, de Brasília, e a professora Núbia Mendes, do Instituto Federal de Brasília (DF), representam aqui os integrantes da Região Centro-Oeste. Do Nordeste, temos professores, estudantes e tradutores-intérpretes de Libras da Univasf, em Petrolina, Pernambuco, e de Juazeiro, Bahia, além do professor Edivaldo Costa, de Sergipe, de Ricardo Simões, da Bahia, de estudantes de farmácia surdos do Maranhão e de Pernambuco, Paulo Sérgio e João Alysson, respectivamente, entre outros colaboradores. Do Norte, destacamos a participação da farmacêutica surda Geovana Gonçalves, de Tocantins. No Sudeste, contamos com a professora Sônia de Oliveira, de Minas Gerais, com a professora surda Clarissa Guerretta, do Rio de Janeiro, e com a farmacêutica Abia Cristina Felippe, de São Paulo, além de outros profissionais. Por fim, no Sul, estão a professora surda Daniele Bózoli e a farmacêutica surda Mariana Sarnik, ambas do Paraná, e o professor Markus Weininger, de Santa Catarina.


Ao longo desse período, então, o FarmaLibras passou a contar com a colaboração de muitos profissionais surdos e ouvintes de todas as regiões brasileiras. São da área de Libras, de Farmácia e da Engenharia da Computação. Os surdos são linguístas, farmacêuticos, tradutores e professores de Libras, enquanto os ouvintes são farmacêuticos, tradutores, linguístas, pesquisadores de estudos da tradução e interpretação, intérpretes de Libras e engenheiros da computação. Estudantes de graduação em Farmácia, Medicina, Enfermagem, Libras e Engenharia da Computação também estão ou já fizeram parte do FarmaLibras. No total, o Programa FarmaLibras já contou com a colaboração de quase 100 profissionais/estudantes.


Venha conferir e utilizar tudo que o FarmaLibras vem produzindo, sempre com o intuito de levar acesso linguístico ao surdo no atendimento farmacêutico.